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Horto Florestal Padre Balduíno Rambo

    A Reserva Florestal Padre Balduíno Rambo (RFPBR) pertencente à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB/RS), área contínua ao Parque Zoológico, está localizada nos municípios de São Leopoldo e Sapucaia do Sul, a 28 km de Porto Alegre. A área de 620ha, também conhecida como Horto Florestal, é uma das maiores, senão a maior extensão florestal contínua inserida dentro dos limites da Grande Porto Alegre. Aspectos biológicos importantes devem ser destacados na Reserva Florestal, como a existência de dezenas de espécies de árvores nativas abaixo das copas de eucaliptos, há exemplares com aproximadamente de 20 metros de altura. Além disso, os eucaliptos do local são, comprovadamente, os maiores do Brasil, sendo estes os primeiros eucaliptais plantados em área tão extensa no território brasileiro. Facilmente são encontrados exemplares com mais de 40 metros de altura e 1 metro de diâmetro à altura do peito, medidas só comparáveis àquelas vistas nos eucaliptos nativos na Austrália. No total, 432 espécies vegetais foram encontradas na área. O valor científico e ambiental destas árvores, tanto dos eucaliptos quanto das espécies nativas, é inquestionável, pois têm mantido uma fauna local bastante diversificada (20 espécies de mamíferos; 18 de répteis; 217 de aves).

    As cidades são vulneráveis aos efeitos causados por eventos climáticos, que se tornam mais graves e frequentes devido às mudanças do clima. Pesquisadores abordam a questão da contribuição de áreas verdes para a saúde ambiental das cidades e referem dois aspectos fundamentais: microclimas locais equilibrados e purificação do ar. A questão microclimática esta diretamente relacionada à redução de calor, a exposição ao sol, aos ventos e à umidade do ar. Quanto à poluição atmosférica, destacam que esta é a primeira causa ambiental de mortes no mundo, já ultrapassando outros fatores como água contaminada e doenças infecciosas. Estas pesquisas científicas têm revelado que as áreas naturais urbanas podem conter níveis de biodiversidade relativamente altos. Ainda assim, é preciso criar novos espaços para a proteção da natureza em áreas urbanas e facilitar o acesso das pessoas a elas.  Conectar pessoas a natureza deve ser um imperativo para o movimento que atua em favor da conservação, e as áreas protegidas urbanas podem apresentar condições adequadas para contribuir com essa missão.

    Com a expansão das áreas urbanas, a pressão sobre os remanescentes de ecossistemas naturais cresceu na mesma proporção, hoje beirando o insustentável. Diante deste cenário, a conservação das florestas urbanas e de outras áreas que reúnem valores ambientais, ganha ainda mais importância. Os serviços ambientais prestados pela Reserva Florestal representam um atestado de equilíbrio a favor da saúde e do bem-estar das populações adjacentes, beneficiando inclusive os habitantes mais distantes da região metropolitana. Segundo documento científico elaborado por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas/UFPEL, a RFPBR foi identificada como área reguladora de temperatura e do clima em geral, amenizando desequilíbrios em âmbito regional e metropolitano. Eis um trecho do trabalho: “Nos anos 1950, o naturalista Balduíno Rambo defendeu que o horto florestal existente próximo a Porto Alegre/RS, ao invés da venda cogitada pelo poder público estadual, fosse mantido como área verde pública, antevendo o futuro daquela aglomeração urbana. Neste trabalho avaliamos o efeito desse horto florestal atualmente, ao compararmos resultados de cartografia térmica de superfície obtida por processamento de imagem do satélite Landsat TM5, com fotografias aéreas da mesma área, bem como com dados padrão de estações meteorológicas. Constatamos que, num dia de verão, as temperaturas de superfície no horto florestal eram 8°C menos quentes do que a de áreas urbano-industriais da volta. Assim, as profecias do naturalista já são realidade, pois além de ser interrupção na paisagem urbano-industrial, o horto-florestal constitui uma ilha de frescor na conturbação da Região Metropolitana de Porto Alegre-RS.” (Collischonn, 2012). Além disso, a Reserva absorve partículas poluentes do ar, facilita a filtragem e purificação subterrânea de águas e amortece ruídos urbanos. Sendo também um admirável potencial natural para atividades educacionais e de recreação. Por todo o exposto, a RFPBR merece ser incorporada ao Sistema Estadual de Unidades de Conservação como mais uma Unidade de Conservação do RS, na categoria Parque Estadual, conforme proposta apresentada em 2016 ao governo do Estado pelos técnicos da Fundação Zoobotânica do RS. 
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